Começo desde já estas linhas por dizer: não sou cliente Pingo Doce e se o fosse continuaria a sê-lo.
Cansados que andavamos de ouvir falar na Troika e no défice, eis quando não, que das profundezas do abismo, ruge a fera: ainda há empresas com fôlego em Portugal! Foram vistas na Portela, de malas feitas, à espera da Ryanair.
O já chamado "caso Pingo Doce" veio trazer à luz um lado tão desocupado da classe política portuguesa que eu julgava não existir! Assistir ao triste espectáculo de ver sr.s deputados dissertarem sobre "como gerir a casa do vizinho" é algo que eu não esperava! Alguém lhes arranje ocupação!!
Então uma empresa que mantém postos de trabalho e que estimula a economia não é livre de fazer o que bem quer ao que é seu em prol da boa gestão? Estarão a maioria dos deputados (que durante anos ajudaram a mal governar este país) aptos a dar lições de boa gestão a um grupo empresarial que ao que se sabe até está de boa saúde financeira? Serão porventura estes sr.s deputados vozes idóneas? Ou são todos tios de sobrinhos que têm contas na Suíça?
Falam de patriotismo... mas o que é para esta gente patriotismo? É menos patriota o grupo JM por deslocar a sede, ou as participações, para um país com uma tributação mais favorável? Ou será que os anti-pátria são aqueles que, não tendo produzido qualquer riqueza para o país, se limitam a viver sob o manto da eloquente retórica à custa dos nossos impostos? Sim... porque ao que sei, os deputados da nossa esquerda nacionalista também recebem salário, e também se passeiam principescamente pelos corredores da casa grande em busca das "connections" que lhes permitam de lá sair para um qualquer conselho de administração de um banco, seja ele de 1.ª, 2.ª... ou de uma qualquer empresa pública, ou de capitais públicos... ou de telefonemas públicos...
Chega a ser ridículo: alguém que produz riqueza e cria empregos e que com habilidade tenta olhar pela sua vida é visto como desertor; outros, nada fazendo, vivem da produtividade alheia... e são uns patriotas! Valha-nos Deus!!
Outro dado importante, e que em boa hora foi referido pelo deputado João Almeida do CDS-PP (que logo depois se esticou ao comprido...) é o facto de que esta situação teve no seu melhor a particularidade de desmontar o discurso retro da esquerda "proletária" na Assembleia!! Como vão agora dizer que este Orçamento de Estado penaliza os pobres e favorece os ricos e ao mesmo tempo dizer que "os ricos" fugiram porque a carga fiscal é elevada? "Grande galo"! Onde vão agora arranjar outra k7?
Entrou em grande este 2012! E aos poucos vai-se provando que 230 deputados é gente a mais para decidir o que quer que seja nesta nação! Sobra-lhes muito tempo para coisas destas, para tertúlias cor-de-rosa e para facebooks.
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