quinta-feira, 8 de novembro de 2012

"Bandidos, querem tirar-me a minha freguesia"!

O título do post de hoje jamais deverá ser entendido como um desabafo pessoal e deve apenas ser entendido como um pregão de "vox populi" por estes dias!

Ao que me foi dado a saber já há uma configuração pré-definida para a reorganização do mapa autárquico no concelho de Esposende. A saber:

- Antas; 
- Gemeses; 
- Forjães; 
- Vila Chã; 
- União das Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra; 
- União de Freguesias de Apúlia e Fão; 
- União das Freguesias de Fonte Boa e Rio Tinto; 
- União de Freguesias de Belinho e Mar; 
- União de Freguesias de Palmeira de Faro e Curvos

Pessoalmente (e num pessoalmente fortemente marcado pela década de actividade política activa) não discordo da proposta. Habituei-me a olhar para o concelho como um todo nos tempos em que a intervenção política assim o exigia, sem bairrismo, sem constrangimentos! 
Durante os anos da minha vida que passei por Braga e pelo Porto sempre me identifiquei como sendo de Esposende pois sempre que fazia a brincadeira de dizer "sou das Marinhas" toda a gente perguntava de imediato "onde fica isso?".
Convém ainda referir que do que me consigo lembrar, nos últimos 12 anos, precisei de uma Junta de Freguesia umas 4 vezes, sendo 3 delas para reuniões relativas à associação que presidi (e que poderiam ter ocorrido em qualquer lugar) e a mais antiga foi para pedir uma declaração para me filiar no PSD pois à data não tinha cartão de eleitor apesar de já ter 18 anos.
Este breve síntese para que compreendam o porquê de eu não ter nenhum "rim" preso na questão autárquica.

A segunda nota: os tempos evoluíram, o que ontem era longe hoje é "já ali"! O argumento proximidade física e pessoal é por isso ridículo! Há presidentes de junta de freguesia com mais habitantes que o concelho de Esposende todo e defendem que precisam daquela dimensão para estarem próximos das pessoas. Será que uma parte dos nossos com 1000 habitantes são mais limitados? Não creio! Acredito que se fossem colocados em juntas de freguesia com maiores dimensões estariam igualmente aptos a desempenharem funções.

Posto isto: apesar do meu desapego à pessoa colectiva territorial (entenda-se "entidade gestora"), eu tenho respeito pelas pessoas, pelo seu trabalho e uma certa "vaidade" em ser das Marinhas - Esposende.

Voltando à questão do "Mapa"!
Parece-me de todo uma solução sensata! Arrisco dizer que eu teria cortado um pouco mais.
Lamento no entanto que a Assembleia Municipal de Esposende tenha pautado a sua actuação pelo "somos contra e ponto"! Mais útil seria que, em bom jeito "jurídico" se tivessem pautado por um "Nós somos contra, mas caso assim não se entenda, a nossa proposta é: ..."

É certo e mais que provável que esta proposta nunca verá a luz do sol porque entre impugnações, fiscalizações da constitucionalidade e outros expedientes vai andar pelos tribunais e secretarias.
Da minha parte tenho pena! 

Reorganizar os órgãos de gestão em nada tem que ver com extinção de áreas, com extinção de localidades. Nada disso! E é mentiroso e intruja quem vender esse discurso à população menos informada.

Atrevo-me a dizer que o grande problema desta reforma não é o Relvas: são alguns autarcas! Alguns para os quais a dimensão do ego não se mede pelos míseros trocos que recebem pelas funções mas sim pelos desfiles na "feira das vaidades"! Alguns para os quais todo o trabalho vale a pena a troco de umas fotografias! Se o fazem por gosto? Também acredito que sim, sob pena de se tornar um martírio tanto compromisso contrariado... agora a dúvida é saber se o que é maior é o "amor à causa pública" ou o "amor ao umbigo mostrado em público"! Isso é que me parece a "dúvida razoável".

Porventura estas minhas palavras, democraticamente escritas não ao abrigo do acordo ortográfico "abrasileirado" mas sim da liberdade de expressão, causarão "comichão" a alguns. Para esses, aceitem as minhas desculpas, e em bom português aceitem a sugestão: "Faz comichão? Coça!"

Uma outra dúvida que me assola nesta temática é tão simples como fundada: Serei eu capaz de, caso esta lei entre em vigor, votar nas próximas eleições em qualquer autarca que até aqui tenho manifestado com unhas e dentes que só a sua terra lhe interessa? Ou estas mudanças imporão um reformular convicções e veremos alguns (os do umbigo) gritarem a bons pulmões em comício "Até ontem eu defendia a minha terra com unhas e dentes, mas a partir de amanhã prometo defendar estas três como se fosse só a minha!"

Tenho dito!