segunda-feira, 11 de maio de 2009

Dia 1... após a meta!

7 noites após a partida, 6 dias de viagem, 200 e muitos kms percorridos, quase 80 pessoas na companhia, muito poucas horas de sono pelo meio, longas horas com dores, ... Cheguei!

Ontem, foi seguramente um dos dias mais importantes nestes 26 anos da minha existência: Cheguei a Fátima a pé.

Uma viagem dividida em 7 etapas terminou ontem pelas 9 da manhã entre lágrimas de alegria, de alívio, de sofrimento... ou pura e simplesmente de "sei lá", numa chegada emocionante ao "altar do Mundo".

Há sensações que não se explicam, há coisa que não se percebem!

Não haverá muito a dizer de uma peregrinação com esta dimensão: a vontade de desistir acompanhou-me a cada dia onde as dores eram mais que muitas. De muito pouco serviam os analgésicos e anti-inflamatórios que acompanham uma viagem destas, chegamos a parecer mangueiras de rega onde tapado um buraco deita mais o seguinte, tal é a velocidade com que as dores nos percorrem o corpo. Se pára de doer um pé rapidamente passa a doer uma perna, se deixa de doer a perna passa a doer um tendão, se deixa de soer o tendão aparece uma bolha... é difícil, é penoso, é uma "aventura" onde de nada serve a preparação física desportiva... a preparação é acima de tudo de fé! Ou há vontade e espírito de sacrifício ou nada feito.

Foram longas as horas de viagem, foi forte o espírito de grupo e entreajuda (ficarei eternamente grato à Sra. que não me deixou desistir no terceiro dia quando algures numa variante de Águeda os meus pés pura e simplesmente ardiam tanto como magna saidinho de um vulcão em erupção. Foi com o apoio dela, que insistiu em não me deixar parar com um "vamos parar todos já ali" e com 2 "voltaren" que me aguentei)...

Mas a história desta viagem não dá para explicar... é certo que senti dores como nunca tinha sentido na vida... é certo que o convívio é excelente... é também certo que quando passamos por gente a caminhar descalça nos sentimos tão pequeninos e "vidrinhos" pelas queixas das nossas pequenas bolhas... mas mais certo será sempre que é um caminho que só se percebe fazendo-o.

Não se vem de lá mais rico, mais pobre também não certamente, não se vem santo, e acho que diabo também não... a única coisa que me fica hoje como certa é que os nossos limites estão sempre onde nós os queremos ver. E não foram raras as vezes em que pensei "o próximo passo é o último" e a seguir a esse "só mais um último passo"...

Por isso... os nossos limites são sempre postos à prova e mesmo quando estamos prontos a desistir haverá sempre alguém pronto a "dar-nos a mão".

A lamentar: que em Fátima se façam obras de "luxúria" e que falte tanto em condições e apoio ao longo do caminho.

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