segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Agregação de Freguesias.

Muito tenho ouvido sobre a reforma do mapa administrativo nacional, como se de uma peste se tratasse. Não creio que assim seja. Dizia-me alguém aqui há duas semanas: "então Esposende não tem uma única freguesia que cumpra os critérios para ser mantida?" O meu comentário foi óbvio: não vem mal nenhum ao mundo.

A título de exemplo: Marinhas e Esposende são duas freguesias que constituem a àrea da cidade de Esposende. Vem algum mal ao mundo que se unam na sua gestão autárquica? Quando a história nos lembra que Esposende já foi um lugar da freguesia de Marinhas?

Não sei se esta minha concordância se deve ao facto de não ser muito adepto de futebol (à excepção do glorioso)! Não olho para os "dérbis" concelhios com qualquer rivalidade ou bairrismo e talvez fruto do facto de ter crescido num meio em que o tipo da secretária de um lado era de Cabeceiras de Basto e o da do outro lado de Monção, habituei-me a aceitar a realidade de que os "tipos" de Esposende que comigo viviam eram uma espécie de "todos da mesma freguesia". Perante o universo do nosso meio escolar, identificavamo-nos todos pelos concelhos pois as freguesias eram mais difíceis de decorar todas.

Depois há o facto "evolução"! Se tempos houve em que Forjães ficava a 2 horas a pé e Apúlia a outras tantas, hoje tal não se verifica. Forjães é o sítio onde posso ir ler o jornal e tomar um café com um amigo e 15 minutos depois estou em Apúlia na conversa com outro.
A evolução dos tempos permitiu que o conceito de "longe" aumentasse e muito. Longe não são 10 kms... mas talvez uns 100... isto porque se digo que 50kms é longe seria admitir que o Porto fica a mais de 20minutos pela A28...

Assim sendo, uma grande parte de nós habituou-se a "socializar" no mínimo à escala do concelho por isso qual a confusão em dizerem-me que a minha freguesia se vai agregar com outras que são tão só as freguesias dos meus amigos? Não só não me faz confusão como me anima - não bastasse o facto de nos unir uma amizade, unir-nos-á também a "terra"!

Estou certo que nenhum de nós irá perder o sentido de "origem" nas próximas décadas! Mesmo dentro das freguesias todos nós sabemos qual o lugar onde moramos, quais os traços da gente desse lugar que os distinguem dos outros, qual o perfil social em cada local. Qual o drama de passarmos a ter uma Junta de freguesia que agregue mais que uma freguesia daquelas que conhecemos hoje? Será o medo que a Junta seja constituída por moradores da ex-freguesia X e que isso faça esquecer a ex-freguesia Y? Mas será que ainda acreditamos que com a escassez de recursos que há as Juntas possam fazer muito para além dos planos de intervenção decididos pelas Câmaras Municipais? 

Em boa verdade, em concelhos da dimensão do nosso, o grosso do trabalho é decidido e feito por indicação ou autorização da Câmara Municipal - o resto são actos de igual importância mas com muito menor impacto na vida das populações.

Em suma: concordo com a agregação de freguesias e apenas levanto a questão de se não seria útil e oportuno que neste estado dito "laico" mas que todos sabemos que não o é, o Estado não deveria sintonizar a reforma do mapa autárquico com uma eventual reforma do mapa paroquial:
- primeiro porque a escassez do clero assim o impõe;
- segundo porque ter duas freguesias sob a alçada de uma só Junta de Freguesia será tranquilo... já, uma "grande freguesia" com dois "Abades"... isso é que já pode dar barulho!!

O que me chateia nesta reforma... é o facto de passar a ter menos amigos para arreliar dizendo-lhes que Marinhas é a melhor freguesia do concelho :)

2 comentários:

  1. Concordo que não viria mal nenhum ao mundo se Esposende também levasse a cabo a sua própria reorganização de juntas de freguesia, passando, por exemplo, de 15 para 5.
    E até pode fazer como em Lisboa, em que se pediu o contributo do Patriarcado na denominação de novas juntas de freguesia.
    Os lugares de Esposende, Marinhas ou Fonte Boa mantêm-se e não vem mal ao mundo se as juntas a que pertencerem tiverem outra denominação.
    Embora esta questão não me pareça por agora a prioridade das prioridades, também não vou ao ponto de achar que deve ficar encostada à espera de melhores dias.
    Naquilo em que os autarcas locais ainda têm algum poder de decisão podem e devem fazê-lo.

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  2. Plenamente de acordo. Esposende poderia, sem grandes dificuldades, chegar a um número aceitável de 5 a 6 freguesias.

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