Segundo notícia avançada pelo Jornal de Negócios e citada pela TSF, de Bruxelas terão vindo rumores de recomendações de maior facilidade de despedimento e indemnizações mais baixas.
Eu que sou um tipo que se arrepia sempre que houve a palavra sindicato e que, em boa verdade, queimava tudo o que é livro com referências a "luta de classes" e "proletariado", porque entendo que patrões e empregados são parte de um todo e não rivais, devo dizer que concordo plenamente com este pensamento vindo de Bruxelas, afinal lá tendem a "pensar em grande"!
E devo explicar o porquê da minha concordância:
Se os senhores de Bruxelas entendem que devemos flexibilizar o despedimentos, pois assim seja. Não esqueçam no entanto:
- Que se os outros são mais flexíveis, esses mesmos outros ganham quase o triplo que o que ganham os trabalhadores portugueses;
- Que qualquer trabalhador português se disporá a ser despedido sem qualquer indemnização se lhe garantirem uma justa actualização salarial com retroactivos, que o coloque ao nível da frente da Europa;
- Que um trabalhador português que precisa de 25 anos da sua vida para ganhar o mesmo que um alemão ganha em 10!
- Que assim sendo, a mísera indemnização, que tanto tem de inflexível para os senhores de Bruxelas, significa que um português que trabalhe uma vida na mesma empresa pode ir para a rua com uma choruda indemnização que corresponde sensivelmente a meio ano de trabalho de um francês!
- Ainda acham que o trabalho é caro cá? E que exigimos muito?
- Os outros exigem o triplo de remuneração enquanto estão no activo! O português apenas pede 1 dia por cada 30 na hora de ir para casa!
Em suma, e para não me alongar por julgo que já todos perceberam o exercício lógico que aqui quis exemplificar, alguns senhores em Bruxelas tendem a pensar o mundo à imagem e semelhança das suas folhas salariais, esquecendo-se que em Portugal, esta gente que trabalha de sol a sol, que ganha uma miséria embora trabalhando tanto ou mais que os seus amigos europeus, consegue com um terço do salário dos outros ter casa, carro e lutar por uma educação melhor para os seus filhos, sabe Deus a que custo e com que dificuldade.
E vamos agora ouvir "recomendações" destas? Não me lixem!
Há muita coisa que precisa ser flexibilizada! Há sim senhor!
Querem flexibilizar o despedimento? Pois muito bem! Criem um novo regime de contratação, com efeitos apenas para o futuro, onde a pessoa se sujeite à precariedade e incerteza mas que tenha como salário mínimo uns 1200 euros/mês!
Agora, querer moldar a vida a uma economia de mercado que passa pelos países qual espécie parasita, que esgota tudo enquanto há e que de seguida parte para outro lado, isso não!
Querem afinal, em vez de acabar com os recibos verdes, criar os "contratos verdes"!
Enfim...
Se infeliz tirada tivesse saído de um tipo como eu... era, digamos, tolerável! Afinal de contas sou um mero cidadão, que embora leia umas coisas, possui humildade suficiente para perceber que não sabe muito de tudo e vai apenas fazendo por saber um pouco de tudo e um pouco mais de algumas delas. Agora dito por gente que "joga na Liga dos Campeões"... não é compreensível! É a negação das pessoas perante a moeda e a afirmação do eterno "mostro" do "Capitalismo selvagem"!
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