Nos últimos tempos tem sido uma constante a divulgação e massificação de adesões às ditas redes sociais e blogs. A dita internet de segunda geração do utilizador/colaborador ganhou, com a campanha das eleições europeias, um destaque a meu ver excessivo, em muito devido ao "fenómeno Obama"!
Seja através dos blogs actualizados por vezes diversas vezes por dia, os "twitts", as sms, as redes de "amigos", o importante é passar a ideia de que mesmo longe se está perto de toda a gente. Um senão: aparenta-se a proximidade para com quem está longe e simultaneamente evidencia-se a distância para com os que estão próximos.
A ideia de mundo enquanto "aldeia global", numa primeira fase devido ao crescimento dos meios de comunicação e agora devido as estas ditas "redes" de informação, torna a partilha da informação um acto imediato e de massas, contudo a informação e o trato interpessoal deixou pura e simplesmente cair a componente dita "pessoal"!
A informação é passada numa falsa relação de interacção posto que se perde a noção de quem é o interlocutor enquanto ser único, perdendo-se ainda a relação pessoal.
Ora, é por demais evidente que "o povo", esse que decide em massa o futuro da nação lusa, está muito longe desta sociedade de conhecimento e inovação, continuando a privilegiar o trato pessoal, o aperto de mão e o "olhar nos olhos".
É por isso falaciosa toda e qualquer tentativa de extrapolar as campanhas eleitorais para o plano do "cyber-espaço"!
A relação com os políticos já se torna, por imperativos de agenda, frequentemente distante no contacto com as populações durante o exercício dos mandatos, tornando-se por isso imperativo que os candidatos, sejam quais forem as eleições, venham contactar com "o povo" ao terreno.
Assim, é de importância fulcral que se usem as ferramentas possíveis e disponíveis para informar, mas nunca para substituir o contacto com as pessoas. Isso seria subverter a lógica das coisas e conduziria no mero plano das suposições a que num futuro próximo os representantes dos órgãos de poder fossem eleitos on-line por uma qualquer votação entre os utilizadores de um qualquer site.
É interessante a partilha de opiniões com conhecidos e desconhecidos mas terá sempre outro sabor aquele fórum tão conhecido nosso que é o "café da terra".
É certo que até a ida ao café para ver a bola foi desvirtuada com a massificação dos serviços de satélite e cabo em clientes residenciais, perdendo-se assim as acesas discussões dos lances.
O melhor fórum para debater o que quer que seja, sem perder o contacto "olhos nos olhos" será sempre o "nosso café".
O resto "é treta"! Por isso, vamos continuar a usar as novas tecnologias sem esquecer o nome do vizinho do lado com quem falamos de futebol, política, caça, pesca, automóveis, agricultura... no "café da terra".
Não posso estar mais de acordo com este artigo. O contacto com o "vizinho do lado" sempre existiu. Quantas vezes dá-mos por nós a "gritar para o quintal ao lado". " - Oh! Manel anda cá". E lá vinha ele todo contente ou não dependendo sempre do estado de espírito do senhor.
ResponderEliminarO que observamos aqui é a forma de comunicar mais básica possível. Q que observamos com esta febre da "ObamaMania", foi a descoberta de mais um meio de comunicação para chegar a um público alvo. Sempre existiram as "redes socias" na vida de um partido político, as mais conhecidas fichas de militantes. Onde eram utilizados os mais variados meios de comunicação para chegar aos militantes. Sejam eles as famosas cartas que chegavam a casa ou mais actualmente as sms que nos chegam aos telemóveis.
O que se descobriu agora foi que com os novos conceitos de "amigos virtuais" na internet. Torna-se assim possível chegar à um eleitorado maior, e melhor ainda é possível ir lendo os comentários e as mensagens de apoio que são deixados pelos militantes e não só.
Sendo claro que com estas novidades todas, existe sempre o reverso da moeda, mas pensando bem isto nunca existiu? A oposição sempre existiu, as formas de fazer oposição essas também tinham de mudar.
Os que as redes socias permitem agora, é novas formas de fazer política. De uma forma simples, barata e de maior proximidade com o povo.
O que os políticos de hoje em dia precisam, é não se esconder atrás das "redes sociais", mas sim transpor essas barreiras para o seu meio local. Mostrando que com o que escrevem nos tweets não são apenas devaneios de um "político virtual" mas sim realidades possíveis de se colocar neste mundo real que é o nosso.
Por isso "menos virtual" e mais realidade...que este mundo bem precisa dela...
Como já o referiste e bem, " O melhor fórum para debater o que quer que seja, sem perder o contacto "olhos nos olhos" será sempre o "nosso café". "