Já muito se falou do problema da barra de Esposende, este post será mais um a abordar o tema.
Ontem, pelo final da tarde, consegui tirar uma meia-horita ao relógio para ir "apanhar" umas ondas.
O mar estava praticamente "flat" e as poucas ondas que se avistavam era na barra do Cávado. Não tendo por hábito entrar na água sozinho, vi que já lá andavam dois bodyboarders e aproveitei a "boleia".
Já por diversas vezes tinha andado por lá perto mas surfar na barra foi a primeira vez.
É certo que todo o cuidado é pouco numa zona onde as correntes são um tanto ao quanto traiçoeiras, mas ainda assim lá fui eu.
Nada motivaria este post, (sendo no entanto motivo suficiente o prazer que dá estar dentro de água depois de um dia de escritório), não fosse o facto de me ter permitido ver e sentir in loco o perigo que correm os nossos pescadores diariamente.
No meio da barra do Cávado, seja a 5 metros do molhe, seja a 15, é possível andar de pé com a água pelos joelhos e chegar mesmo a bater no fundo quando se cai das ondas.
Ora, se para mim, com cuidado, é apenas uma questão de lazer, e uma qualquer queda será sempre fruto de descuido e "irresponsabilidade" em busca do prazer que dá rasgar uma onda, outros há, os Pescadores de Esposende, que precisam de cruzar aquele labirinto diariamente para ganharem a vida.
É incompreensível o estado daquela barra! É heróico atravessar zonas onde a sucessão de profundidades de 40 cms e 2 metros varia num raio de 2 ou 3 metros. Como conseguem? Não sei. Será certamente por vontade de Neptuno já que pela vontade dos homens estarão entregues à sorte, essa que bafeja os audazes.
Será justo que se fiscalizem as obras de construção civil sempre com objectivo de coimar os construtores por qualquer falha no que concerne a segurança e que ninguém fiscalize a segurança dos nossos homens do mar? A segurança de entrada e saída no mar? Será que uns são protegidos pelas inspecções e outros entregam-se nas mãos de Deus já que ninguém quer saber deles?
Lanço o desafio. Passem por lá. Não será certamente reeditar o milagre de caminhar sobre as águas, mas pode ser essa a sensação que transpareça para quem os vir caminhar sobre bancos de areia camuflados por 10 cms de água, que vistos ao longe sempre darão a sensação de que alguém caminha sobre as águas.
É triste que em Portugal só se reaja em vez de agir.
Serão precisas mais desgraças para que haja obra? Não vale mais um vida do que qualquer meia dúzia de euros?
Que mais dizer? Estou revoltado. A barra de Esposende não existe. Os bancos de areia são uma represa que os nossos pescadores têm diariamente que transpor na busca da sobrevivência. Será justo que a sobrevivência passe diariamente pela luta entre a vida e a morte?
Pensarão alguns que se um barco virar ficarão em seco. Eu relembro: as pessoas trabalham vestidas!! O peso de uma camisola molhada após uma jornada de trabalho será equivalente a um saco carregado sobre o corpo.
Salvem os pescadores!
só te faltava no fim teres dito que a CME tem feito o possivel e o impossivel, mas o sócrates n deixa!!!
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