sexta-feira, 30 de março de 2012

A tradição virou moda!

Declaração de intenções: 
1- sou favorável à reformulação do mapa paroquial, perdão, do mapa autárquico nacional!
2- respeito um certo grupo de pessoas com opinião na matéria que ao longo dos tempos deram parte do seu tempo a nível profissional ou pura e simplesmente por passatempo ao estudo da história e das tradições do povo desta nossa lusitânia, fosse com incidência nacional, fosse com incidência local! Aqui manifesto o meu respeito pelas horas de trabalho, pelo carinho e dedicação à causa.
3- a muitos dos outros, historiadores de vão de escada, opinadores de semestre, manifesto o meu repúdio.

Posto isto:
Rio! E rir dizem que é o melhor remédio (embora seja um dito popular, não interpretem esta minha expressão como uma defesa eloquente das tradições de onde quer que seja)! Rio desses que por aí andam de bandeiras ao ar defendendo (com a cartilha histórica que decoraram nos últimos seis meses) as tradições das suas mui belas terras. Muitos deles, não irá há mais de 2 anos, diziam de viva voz que "bom era sermos espanhóis", mas hoje, hoje não, hoje são patriotas, regionalistas, provicianos e bairristas.

Grande vitória para o Governo! Pode vir a perder as próximas legislativas mas já ganhou um país! Se muito de negativo pode haver (porque o há) na forma como a reforma do mapa autárquico está pensada, é inegável que pelo menos no que diz respeito a ter obrigado o povo português a reavivar a sua história, as suas tradições e os elementos de pertença que o ligam a cada local, nisso o Governo teve uma vitória. Hoje não, que está tudo a pensar nos autocarros para Lisboa, mas talvez amanhã, ou daqui a seis meses, muitos se lembrem de que em inícios de 2012 toda a gente sentiu necessidade de ir buscar ao baú da saudade e das recordações aquilo de que se lembrava como sendo tradições e elementos históricos característicos "daquele cantinho que o viu nascer" (Grande Tony Carreira, que agora me lembrei de ti)!

Mutos dos que hoje rumam a Lisboa, não saberão bem porque lá vão, ou melhor, até sabem: vão acabar com o nome da freguesia deles! Isso sim, é o Adamastor! O Bicho Papão que na infância os atormentava se não comessem a sopa, voltou hoje, umas décadas depois, para dizer: "vou comer o nome da tua terra"!
Eles não querem saber da Freguesia, da Junta ou do que quer que seja! Mudar o nome, isso sim... é medonho! Onde é que já se imaginou tal coisa! Acabar com os nomes... ou juntar? Quando não, temos aí misturas de nomes dignas de nome de "empresa na hora"(provavelmente o melhor cardápio de designações insólitas nacional).

Para mim é estranho este alarido! É certo que eu nunca fui um apaixonado da história, ou melhor sempre vi na história uma forma de melhor entender o presente e assim sendo planear ainda melhor o futuro... mas nunca vi a história como um dogma! Se assim fosse noutros tempos... eramos mesmo espanhóis hoje e talvez Braga e Guimarães se entendessem melhor. 

A história que eu estudei relatava, por ordem mais ou menos cronológica, factos e acontecimentos, a esmagadora maioria deles foram elementos mutáveis - vá-se lá compreender: fomos ibéria, condado... e por aí fora, e hoje, em 2012 chegamos à plenitude! Atingimos o ponto em que a evolução estagnou, em que nada pode mudar, porque a história, essa que foi feita de mudanças nos impede hoje de mudar. Como se daqui para a frente estivessemos impedidos de escrever: "em 2012, a freguesia X e a freguesia Y passaram a ser geridas como se de uma só se tratasse, dotadas de uma única Assembleia de Freguesia e uma só Junta de Freguesia". A isto eu chamaria fazer história. Outros preferem ficar reféns de uma história recente, e digo recente, porque nessa visão limitada da história nunca teríamos sequer chegado ao mapa actual, mas uma vez chegados a este decidem vê-lo como o mais correcto ao longo da história e o justo merecedor do rótulo "imutável".

Para bem da humanidade, espero que esmagadora maioria destes fregueses não se dediquem às áreas científicas sob pena de se acabarem todas e quaisquer expectativas em torno de investigações para novos tratamentos e curas de doenças, afinal de contas... desde tempos idos que se morria da doença "A " - para quê buscar a cura? Sempre se morreu com aquilo!

Enfim! Reitero o meu respeito para com aqueles que dedicaram horas à história, ainda que deles esperasse o arrojo de quererem tomar parte a fazer história - de outro modo parecem amantes do automobilismo que não gostam de conduzir.

Agora, aos que quiseram fazer deste tema uma bandeirinha para dizerem "estou aqui", que se fizeram historiadores na wikipedia, que criaram o cliché "reforma autárquica" e que tornaram aquilo que era tradição na "última tendência da moda"... a esses... nem sei que lhes diga! Corro o risco de ser indelicado porque tanta alarido dá-me náuseas.

Vou ficar só por um: respeito-os, ainda que discorde convictamente deles.

E como o meu partido me deixa discordar (ouvi dizer não deixam discordar nos congressos) e eu não tenho ambições político/autárquicas que me obriguem a dizer "a minha santa terrinha é o meu 3.º rim", sou um cidadão livre de, dentro dos limites do respeito da sã convivência social, expressar a minha convicção.

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