segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Uma semana agitada!


Depois de uma semana atolada em trabalho, hoje comecei a semana com o ritmo mais aceitável e no meio disto lá vim dar um saltinho ao 7folhas e partilhar convosco as "Crónicas" da semana!
1.º - Sábado tive o prazer de representar mais uma vez a peça "Coração Lusitano", desta vez no palco do auditório municipal de Esposende, que estará disponível no site da www.esposende.tv, e que recomendo. Somos um pequeno grupo amador mas capaz de entreter quem nos assiste com o maior respeito e dedicação que conseguimos dar de nós.

2.º - Ouvi dizer que o Prof. Marcelo ponderou não ser candidato à liderança do PSD!! Quem diria!! Uns ponderam ser candidatos, outros ponderam ser "não candidatos".

3.º- O ESCÂNDALO:

Permitam-me que nas linhas que se seguem seja politicamente incorrecto. Na minha terra diz-se "quem se farta são os burros", todavia, permito-me assumir-me farto e inverter o dito dizendo que quem não se farta são os burros.

Será possível continuarmos a assistir impávidos aos filmes em torno do nosso Primeiro Ministro? Depois de Independente, de Freeport, de apartamento da mãe, de primos importantes, de amigos influentes, agora... agora... é de sucatas que se trata?

Será que entre tanto doutor e engenheiro o único desonesto é o pobre sucateiro?
Mas que país é este? É um país de igualdade? Ou um país de bôbos, de burros e de murcões?

Eu sempre ouvi dizer e acredito piamente que um título não serve de nada. As pessoas valem pelo que são e a sua competência não se afere por dr.s e eng.s antes do nome, por isso continuo sem perceber os tabus que se fazem em torno do título de certas pessoas e a necessidade que alguns têm de dizer que são o que na verdade não são, de usarem de estratagemas para chegar sem trabalho onde outros chegaram com muito esforço.

Pior que tudo, como se não bastasse o escândalo de termos gente com títulos falsos, com licenciaturas domingueiras, agora temos um personagem que conseguiu ser pós-graduado antes de ser graduado!!! Pasmem-se!! Que país é este? Ou melhor, que República das Bananas é esta? Será "das" ou "dos"?

Será que vivemos num país de novas oportunidades? Em que cada brecha no sistema é uma nova oportunidade para os "chicos-espertos" furarem o esquema e mamarem no povo? Ao que parece as oportunidades são novas já os larápios são sempre os mesmos!

É uma pouca vergonha este país! Vive-se de "connections" e ou se é "amiguinho" de quem tem ou poder ou se é pobre desgraçado que trabalha de sol a sol para ganhar o salário mínimo enquanto os tipos das "connections" andam por aí a passear-se em belos carros e a receberem malas com € só "por consideração"!!

Ai de nós pensarmos que algum dos suspeitos é culpado!! É tudo gente séria!!! Honesta é que... talvez não tanto.

No meio disto tudo, o que me chateia é saber que isto rolará como rola o processo Casa Pia...

e que vou continuar todos os dias a acordar e a começar o dia de trabalho a pensar que continuo a acreditar na justiça, que todos os homens são iguais perante a lei, que ninguém é mais ou menos digno por usar fato, gravata, calças rotas, roubar, matar... enfim... aquela teoria bonita que plasmaram na Constituição para que o povo soubesse que a liberdade e a democracia são apenas poesia, na sua essência... são apenas uma bíblia socialista escrita com o mesmo tipo de metáforas...

Não acreditam?
Não será caso para dizer que passa mais depressa um camelo pelo buraco de uma linha numa agulha do que o povo português fica a saber para onde foram para as linhas e agulhas de uma suposta linha de comboio que desapareceu?

E pronto... por aqui me basto, chateado, profundamente chateado com a incapacidade de mudar as coisas sozinho. Em boa verdade, antes sozinho por convicção do que rodeado de judas de ocasião - sim, porque "eles andem aí" raivosos!!

1 comentário:

  1. "Um povo imbecilizado e
    resignado, humilde e macambúzio,
    fatalista e sonâmbulo, burro de
    carga, besta de nora,
    aguentando pauladas, sacos de
    vergonhas, feixes de misérias,
    sem uma rebelião, um mostrar de
    dentes, a energia dum coice,
    pois que nem já com as orelhas é
    capaz de sacudir as moscas;
    um povo em catalepsia ambulante,
    não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
    um povo, enfim, que eu adoro,
    porque sofre e é bom,
    e guarda ainda na noite da sua
    inconsciência como que
    um lampejo misterioso da alma
    nacional,
    reflexo de astro em silêncio
    escuro de lagoa morta.


    Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
    não descriminando já o bem do mal,
    sem palavras, sem vergonha,
    sem carácter, havendo homens que,
    honrados na vida íntima,
    descambam na vida pública em
    pantomineiros e sevandijas,
    capazes de toda a veniaga e toda a
    infâmia, da mentira à falsificação,
    da violência ao roubo, donde
    provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral,
    escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.


    Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
    este criado de quarto do
    moderador; e este, finalmente,
    tornado absoluto pela abdicação
    unânime do País.


    A justiça ao arbítrio da Política,
    torcendo-lhe a vara ao ponto de
    fazer dela saca-rolhas.


    Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
    incapazes, vivendo ambos do mesmo
    utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos
    actos,
    iguais um ao outro como duas
    metades do mesmo zero,
    e não se malgando e fundindo,
    apesar disso,
    pela razão que alguém deu no
    parlamento,
    de não caberem todos duma vez na
    mesma sala de jantar."

    Guerra Junqueiro, 1896.

    ResponderEliminar

Obrigado pelo seu comentário!