domingo, 13 de fevereiro de 2011

Geração "água morna"!



A música dos Deolinda pegou moda!
Outrora "Geração Rasca" transformada em "Geração à Rasca", crescida e feita "Geração Recibos Verdes" ou pontualmente "Geração €500"! 

Ser jovem pelo "ano da graça de 2011" num país onde entre agiotas e mamões nem as pulgas têm sorte, pode parecer uma aventura digna de ser best-seller nas palavras da Ministra da Educação.

Na surdina do facebook, da blogosfera, do twitter ou das conversas de café anda uma geração em rebuliço, inconformada e desesperada. Inconformada porque os cêntimos de euro não chegam para pagar a independência, não chegam para a subsistência e a emancipação é coisa de filmes nórdicos. Uma geração desesperada porque apesar de ser a geração mais qualificada, a expensas próprias, é também a geração mais rejeitada por "excesso de qualificações"!

No meio disto, do retrato social que todo e qualquer jovem que procure "fazer-se à vida" neste país de chulos e de compadres, onde só os sobrinhos e filhos do poder têm lugar ao sol, e onde a falta de competência é regra geral melhor gratificada que o elevado nível de experiência, importa no entanto cair no mundo real! Diga-se alto e bom som: ALTO e PÁRA o BAILE!

Que moral tem um geração que se diz descontente, que se diz inconformada, e que pensa afinal que é uma "classe esclarecida e pensante" quando é precisamente essa mesma gente que nos actos eleitorais catapulta para níveis assustadores a abstenção nas mesas jovens? 
Como se pode falar de crise, de fome e de dificuldades quando o "hino da luta" surgiu afinal num concerto em local fechado com bilheteira na porta? Será que tal como o outro que ía para a guerra, "mas a guerra estava fechada", também estes vão fazer a revolução, mas a revolução tem bilheteira à porta?
Isto para não falar da "geração com estatuto"! Aquela geração para a qual, apesar dos tempos de crise, a convicção de que "são mais que os outros só porque têm um canudo" impede-os de se fazerem à vida, porque afinal de contas têm um "estatuto" a manter! O trabalho passou a ser desonra!

Há uma mentalidade instalada de que ninguém tem aspirações! Aqui pensa-se entrar na casa pelo topo! Histórias de vida como as que temos da geração dos nossos pais, de gente que começou como "rapaz da massa" há 40 anos para hoje serem empreiteiros ou patrões de uma qualquer indústria é impensável! 

A nova geração, a "geração licenciada" só aceita cargo de director de..., coordenador de..., orientador de...! Ninguém pensa entrar pela porta que calhar, por mais pequena que ela seja, para depois mostrar o que vale e procurar ser promovido pelo mérito! Isso era antes! Hoje procura-se entrar pela cobertura para embolsar o máximo enquanto der (não vá o mérito ficar uns furos abaixo do prometido e em pouco tempo sair pela janela de serviço)!

É com tristeza que vejo uma franja enorme desta geração reclamar, criticar e ser aparentemente inconformada, mas quando chega a hora de fazer a diferença o disco é sempre o mesmo: "hoje não porque vou sair à noite", "amanhã se calhar também não dá porque vou mandar uns cv's"! É no fundo uma geração que se conformou na "bonita posição de choramingas" e que assim vai vivendo, dizendo que não tem perspectivas de futuro porque não a deixam!

E isto escreve um licenciado, que cumpriu um estágio obrigatório e não remunerado e que sabe bem o que é contar os trocos! Sabe também o que é ter sorte de ter pais que o podem ajudar nesta etapa ingrata da vida, mas que sabe também que nenhum trabalho é mais ou menos digno que o outro e que uma licenciatura confere apenas o título de licenciado e não o de "não apto para qualquer trabalho"!

"Se nunca percebermos como se pega um touro pelos cornos nunca poderemos aspirar ser donos de uma ganadaria!" 

1 comentário:

  1. Concordo plenamente com o que dizes. Quando comparo com a geração dos nossos pais, a nossa tem muito mais condições: temos pais que nos podem apoioar materialmente, temos educação, vivemos num país incomparavelmente mais desenvolvido que o deles, etc.
    No entanto, muitos de nós se queixam que não têm perspectivas porque isto está mal, e se esquecem de olhar para os nossos pais: eles começaram a vida com nada e foram construindo uma vida arriscando, fazendo sacrifícios, agarrando as oportunidades e trabalhando imenso. Tinham humildade e ambição.
    A ouvir estes queixumes, só penso que nós somos a geração da "papinha feita".

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