Por estes dias passava eu pela marginal de Esposende quando me cruzei com 4 jovens com os seus 15 anos "armados" de 4 skates debaixo dos braços qual "gangue" à procura de poiso. Não, ao contrário de muita dita boa-gente que por aí anda, não tive como primeiro pensamento "bando de drogados" pese embora tenha a perfeita noção de que haja uma enorme e tacanha mentalidade instalada neste país para a qual desporto é futebol e tudo o que sejam modalidades ditas radicais "é coisa de drogados".
É público que fui e sou praticante de algumas dessas modalidades, diga-se mesmo que eu e o Joe fomos os pioneiros do sk8 em RM (a culpa foi do meu avô que me deu um sk8 quando eu ainda sabia andar mal de pé), por isso tenho toda a moral do mundo para falar disto. Nunca fui de modas. Aliás, aqueles que pelo mítico ano de 1994 me chamavam "tolo" por treinar e fazer BTT andam por estes tempos todos equipados a rigor aos domingos de manhã, enfim, injustiça de mentalidades ou não, em 1994 eu era tolo (e o joe "lolol") mas hoje, como está na moda, são todos gente moderna.
Ora voltando ao Sk8, terei que recorrer àquela mítica expressão que neste caso não sei se significa que estou velho ou se pelo contrário e mais grave significa que a democracia também vai de modas.
Em boa verdade "eu sou do tempo" em que Esposende tinha um parque radical, inaugurado com pompa e circunstância, uma obra bonita que ficou ad eternum a aguardar retoques finais e que em boa verdade nunca foi um parque radical nem porcaria nenhuma que o valesse.
De parque radical aquela pista em torno de um relvado nunca teve nada. O circuito sempre foi algo ridículo para merecer o nome de "parque radical" e as pseudo-rampas e o "egg-pipe" que era suposto ser um half-pipe nunca foram mais do que um bom desenho feito por alguém que não percebia nem teve interesse em perceber algo do assunto antes de cometer tal atentado às contas públicas.
Em suma: tempos houve em que em Esposende havia um espaço cujo nome era "parque radical" que de parque radical tinha apenas uns adereços dignos de umas belas fotos "para inglês ver" mas pouco ou nada funcionais.
Hoje, nem para a fotografia temos parque, rampas ou o que quer que seja.
Será isto democracia? Serão estes jovens diferentes? Se jogarem futebol têm apoios, se pura e simplesmente gostarem de patinar, fazer umas manobras ou até apanhar umas ondas... qual é o apoio que têm? Que condições lhes proporcionamos? A resposta é por demais evidente: NENHUMAS.
E eu até aceitaria em pesadelos, que num rasgo "anti-democrático" as minorias fossem esquecidas, não fosse o facto de durante os meses de Julho e Agosto assistirmos na nossa cidade a demonstrações de actividades radicais como trial, campeonatos de velocidade em in-line... e afins.
Afinal em que é que ficamos? Há dinheiro para pagar a meia dúzia de marialvas de fora para virem cá fazer show para o "povinho da nossa província" mas não há dinheiro para criar infra-estruturas para os nossos jovens? Sinceramente não percebo!
É que vejo jovens da minha terra com pás e picas a improvisarem os seus circuitos e rampas para saltos de bike e manobras e ninguém lhes dá condições, mas se em vez de praticarem o ano inteiro praticassem só em Agosto... se calhar...
Mas da muita quilometragem que tenho feito devo parabenizar os concelhos vizinhos por terem parques radicais bem razoáveis e que, por muito estranho que pareça, estas infra-estruturas acabam por servir praticantes e atrair pessoas que gostam pura e simplesmente de ver as acrobacias ou até mesmo só os trambolhões - assista-se por exemplo ao caso do parque radical da Póvoa de Varzim e que fica tão só na zona mais "Jet", frente ao casino.
E termino por aqui o post de hoje, manifestando o meu direito à indignação em solidariedade para com todos aqueles que têm direito à diferença. Porque basta dar uma volta pela nossa cidade para perceber que não estou a falar de sonhos, estou a falar de jovens em concreto.
Obviamente que aqueles que pretendam entender este post como "causa própria" estão profundamente enganados pois nesta área e apesar de gostar muito de "pipes", "boxes" e corrimões os compromissos agora são outros que não permitem certo tipo de riscos. E também, apesar dos custos que me acarretavam, sempre pude aproveitar os PR's de Braga. Barcelos e Póvoa quando quis, mesmo que pelos meus 16 anos fosse preciso ir de bike ou autocarro. Escrevo apenas porque gostava que outros tivessem algo com o conforto e qualidade que "no meu tempo" não tinhamos.
Passem o olho em:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Lota_skate_Póvoa_Varzim.JPG
É VERDADE, o parque radical, DESAPARECEU por completo. Bons tempos de aventuras, por rampas mal feitas, tendo sido mais caricato, quando decidiram colocar fibra de vidro, sobre as madeiras, para estas não aprodecerem.
ResponderEliminarNa altura, era o que existia, tornando se assim num ponto de encontro da juventude para pratica de qualquer activade radical relacionada com skates ou patins. (se bem que eu comecei no adro da Senhora das Neves, em RM :) com sk8 comprado "Rei do Bacalhau")
Hoje em dia, o que se pode de OBSERVAR de radical, por aqueles lados, será a Caravela. (função de parque Infantil). Continua a ser uma boa inicialtiva, foi pena os actos de VANDALISMOS, lá praticados. De qualquer forma, continua a ser um espaço enorme, que ainda pode ser aproveitado para algum tipo de modalidade.
Também fui do tempo em que ir a Viana do Castelo, era como ir ao estrangeiro. Sim, este parque radical ainda continua activo. A solução? Fazer em BETÃO.
Por isso, subscrevo as tuas palavras... "gostava que os outros tivesses algo com conforto e qualidade que no nosso tempo não tinhamos."
./SK8
Realmente Joe, já estava esquecido desse "tesourinho deprimente" que foi a colocação daquela suposta malha de fibra que tirava uns panados jeitosos quando o povo caía pelas rampas abaixo.
ResponderEliminarA Caravelo veio corrigir o que faltava quando havia o Parque Radical, já que havia sempre aqueles pais inteligentes que mandavam os filhos escorregar nas rampas como se fosse um escorrega gigante.
O Parque Radical da Póvoa não é maior que o espaço do nosso relvado, agora parque radical em forma de pista... não creio que seja solução. O de Braga é simplesmente brutal.
Realmente, naquele tempo ir a Viana era como ir ao estrangeiro! Era preciso juntar uns trocos para o autocarro, mas era o "espírito da coisa".
Vamos esperar para ver. Quem sabe no próximo Agosto não haja mais uma demonstração de trial e deixem ficar o circuito no Largo Rodrigues Sampaio.