terça-feira, 13 de março de 2012

Autarcas de Esposende reafirmam oposição à Reforma da Administração Local

Autarcas de Esposende reafirmam oposição à Reforma da Administração Local
(notícia aqui)


Não seria de esperar outra coisa.
Começo no entanto a ficar curioso: perante tão grandes expressões de amor às terras, na eventualidade de a Reforma Administrativa ir mesmo para a frente nos moldes propostos pelo Governo, que legitimidade terão estes autarcas para apresentar candidaturas às "super-autarquias" ou "novas autarquias"? Estes que tão fervorosamente dizem defender as suas terras, como serão capazes de dizer aos vizinhos que afinal de contas, após a contagem dos votos, passarão a ter como suas as terras às quais eles não se queriam unir?
Eu bem sei que 15 dias de "porta-a-porta", ou como se diz nos anúncios de emprego "door-to-door", e umas centenas de folhetos com o slogan "Pelas Nossas Terra*" se conseguem milagres, mas... ainda assim, um pouco de moderação a alguns intervenientes nesta temática não faria mal nenhum!

6 comentários:

  1. Não subscrevo a oposição frontal por parte dos autarcas esposendenses.
    É o típico "não" sem atender à bondade ou eventual mérito da proposta.
    Leio Mário Fernandes dizer que está solidário com Barcelos e fico pasmo! Como é possível defender esse absurdo de que Barcelos deverá continuar a ter mais freguesias que Lisboa ou Porto?
    Os autarcas de Esposende têm, neste tema, uma visão demasiado terrena do assunto, sem conseguirem pensar "fora da caixa". Para não falar do risco de, como referiste,comprometerem uma futura tomada de posição que às tantas até poderá nem ser tomada, uma vez que existe o risco de a reorganização ser imposta de fora e ser digerida localmente como um facto consumado.

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  2. Francisco, plenamente de acordo. (Chego a pensar se seremos as duas únicas pessoas em Esposende que não abominam a reorganização)

    Também tenho seguido os escritos do autarca curvense, por quem tenho aliás consideração e respeito, desde os tempos em que nos cruzamos no painel da EsposendeTv, que sempre me permitiram lidar de uma forma não tão "política" com muitos intervenientes políticos locais. É um homem dedicado ao que faz.

    Já no que diz respeito a esta temática... tende a manifestar-se solidário com todo o distrito!
    Barcelos é uma "aberração"! Como se compreende aquilo? Não compreende! Tolera-se! E é de tolerância que se tem feito este país: um país que tolera os erros, que defende o "sempre assim foi", o "são todos iguais"! É este país de tolerância que leva a estes estados de coisas.
    Sinceramente: eu não compreendo!
    Não percebo o porquê do fundamentalismo!
    Não percebo a aversão à mudança, quando até o elemento histórico é falacioso, pois muitas das associações de freguesias que agora se pretendem fazer já o foram no passado assim! Com uma ligeira diferença: no passado não houve fantasmas! Hoje, o medo de mudar baseado na história que afinal parece não ter assim tanto de histórico... é terrível! Diz-se por aí, que freguesias com 100 anos de história têm história quanto às suas delimitações... é inconcebível!
    E em vez de se procurar gerir sensibilidades quanto ao assunto, condena-se o Governo por ter tomado a iniciativa sem ter ouvido ninguém... mas também não vi os nossos autarcas a divulgarem acções de diálogo com as populações antes de irem no passado mês de Dezembro para a Assembleia Municipal dizer que em Esposende eramos contra! Até podem ter razão, porque eu bem sei que a maioria das pessoas tem o mesmo sentimento que estes autarcas, mas o que é grave é que também eles falaram sem terem ouvido o povo.

    Eu sou a favor! E já o era há muito! Assim haja coragem política para fazer história e não ficar refém da história que outros fizeram, só porque no tempo deles eles puderam ir contra o elemento histórico e nós agora parece que não podemos.

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  3. João, não diria melhor.
    Chego a pensar que suas Exas. fazem isto apenas porque assim não correm (pretensamente) o risco de perder votos.
    Não vai haver diálogo, apenas, provavelmente, o instigar das populações contra o Governo ou a Troika.
    E aqui faz muito sentido o risco que oportunamente assinalaste: o risco de se dizer em voz alta que não queremos cá ajuntamentos com os de Fão, Esposende ou Marinhas, e depois ter que se engolir tal fusão.
    Mas como a política é hábil em malabarismos, não me surpreende ver quem hoje fala mal, amanhã estar a dizer o seu contrário...

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  4. Creio que a questão é mesmo essa: "não perder votos"!
    Porque a ideia de um autarca dizer: "eu não me importo de unir a minha freguesia à do lado" traz logo o fantasma de "o povo não vai votar em mim porque eu quero acabar com a terra"!
    Quando no fundo, a preocupação deveria ser: "os interesses da população ficam salvaguardados?"
    E depois custa-me perceber que seja a própria Câmara Municipal a incentivar a este tipo de "rebelião", quando é sabido que a visão desta deve ser concelhia e que a obra que faz é feita em prol do concelho no seu todo e não da freguesia A ou B, isto porque se a motivação for a freguesia A ou B a situação torna-se grave pois não compete à Câmara Municipal fazer esse tipo de distinção.

    Esposende tinha tudo para ser um caso bem sucedido de reorganização dada a acalmia política que por cá se sente e a dimensão das nossas freguesias. Ao invés, enquanto as pessoas ouvem serenamente o que se vai dizendo e só sentem fervilhar o "bairrismo" nos dérbis concelhios de futebol, são os agentes políticos os incendiários dos ânimos.
    Um dia destes vamos ter a gente das Marinhas a dizer "não queremos nada com esses tipos de Esposende" e vice-versa, só porque alguns (cujas reais motivações e receios permanecem na névoa) se lembraram de desenterrar os "machados de guerra" que a evolução social e histórica se tinha encarregue de enterrar.

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  5. Reorganizar administrativamente o país não tem tantos adversários como parece querer afirmar-se pois é um facto que a pulverização não favorece o desenvolvimento e as teses suportam as mudanças necessárias.
    A forma, o método é que não é de longe consensual e quando se diz que as pretensões se suportam em régua e esquadro assumidas em gabinete, evidenciam que as pressas são inimigas da perfeição e a imposição contraria princípios básicos da importância da participação e envolvimento das comunidades afectadas.
    Se a causa não é de natureza económica como incialmente se supôs, não existem razões objectivas de uma mudança apressada, até porque os grandes investimentos já foram efectuados nos últimos 20 anos (agora já não há dinheiro fácil) e os argumentos de economia de escala não têm grande actualidade.
    Se o objectivo é simplesmente reduzir o número de freguesias por questões de operacionalidade social comecem por extinguir simplesmente as freguesias das sedes concelhias e nas grandes cidades reduzir substancialmente o seu número como se justificou em Lisboa.
    Por outro lado, compreende-se que se agrupem as freguesias pequenas e se estabeleça um órgão de gestão administrativa para esse grupo, um pouco a exemplo das paróquias que passam a ter um pároco único para o seu conjunto.
    Não se percebe ainda como será mantida a identidade das freguesias se se fala em fusão e extinção, embora a agregação já se perceba (como as paróquias).
    Não concordo com a definição dos chamados lugares urbanos em zonas como Marinhas; Esposende,Fão e Apúlia com um rio a separar e largas extensões de solos agrícolas e manchas florestais a separar os núcleos habitacionais. Percebo em Braga, Porto, Lisboa onde as freguesias têm contiguidade sucessiva e aí se possam extinguir porque os territórios se confundem e se miscigenam.
    Fão tem uma história milenar, um rio a separar de Esposende, uma mancha de floresta e área agrícola a distanciar Apúlia, infraestruturas básicas de autosuficiência, um hospital, bombeiros, estádio,instituições várias, uma vivência social bem caracterizada com tradições e costumes enraizados,uma configuração urbana antiga e que partilha com a vizinhança determinados recursos, com excepção das tarefas administrativas.
    Que lógica teria fundir-se com Apúlia (uma vila também com forte identidade e ambição) só para cumprir parâmetros que algum pretenso visionário de gabinete com o sonho de ficar na história qual Mouzinho da Silveira?
    Deixem-se de adornos de cabeceira e reformem o sistema político, reduzam a dimensão da Assembleia da República e dos rebanhos de assessores pagos principescamente, cortem nas mordomias, revejam e reformulem os contratos das Parcerias Público-Privadas armadilhados com cláusulas abusivas do interesse público.
    Transfiram um dia para as futuras Regiões a tarefa de revisão racional da divisão administrativa usando a criatividade e o bom senso.
    Não instiguem as populações à revolução por razões que têm a ver com o mexer nos seus interesses reais. É que o balão está a encher, a encher e não afrontem um povo que normalmente é sereno. O 25 de Abril só começou com alguns militares. O povo foi quem validou e deu seguimento à acção.

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  6. Caro Manuel Vieira, desde já agradeço o contributo.
    De um modo geral estou de acordo com alguns dos exemplos que dá, desde logo a separação natural "rio Cávado".
    Assim como concordo que as primeiras a serem extintas podem muito bem ser as das sedes de concelho.
    Igualmente de acordo quanto à necessidade de não se fazer uma reforma de régua e esquadro.
    Mas porque não vemos os nossos autarcas defenderem alternativas em vez de manifestarem apenas discordância? Porque não ouvimos o "a nossa proposta é" em vez do "eu não quero"?
    Será que não reconhecem que há freguesias cujas tradições e o elemento histórico em nada colidem com uma reorganização do mapa de freguesias ao jeito paroquial?

    Olhando para o concelho de Esposende, se a sul o rio causa alguma "complicação", bem como a mancha verde que separa Fão de Apúlia, já a norte se afigura mais difícil.
    Primeiro porque entre Marinhas e Esposende há apenas o "pinhal da redonda", já que Marinhas envolve a norte e a nascente Esposende; mais à frente: entre Mar e Belinho, que vier pela estrada na encosta do monte não sabe onde termina uma e onde começa outra, o mesmo se dizendo em relação a Antas.

    Quanto aos gastos do Estado que devem ser cortados, plenamente de acordo.

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