terça-feira, 23 de novembro de 2010

Lição 100! (quero dizer... SEM)!

O título de hoje pretende evocar essa saudosa memória dos tempos de escola, como quem diz do antigo ciclo preparatório, também conhecido com 5.º e 6.º anos, do tempo em que eu passei pela Correia de Oliveira em Esposende!

Nesses idos e bonitos tempos de 1992-94 em que nas aulas tínhamos cadernos onde, para além dos apontamentos da aulas, se registavam "religiosamente" os sumários! Sempre que era atingira a heróica marca de 100 "Sumários" havia uma festa de turma na disciplina respectiva! As pequenas festas eram precisamente isso: pequenas! Em todo o caso, cada lição 100 tinha um sabor de Comemorações oficiais da República.

Ora, 16 anos volvidos, e para a minha geração, as míticas lições 100 deram lugar às "lições sem", como quem diz "000"!

Uma geração:
- sem emprego;
- sem habitação;
- sem estabilidade;
- sem perspectivas;
- sem hipóteses;
- sem Governo;
- sem apoio;
- sem oportunidades;

A geração que em tempos tanto festejou com simplicidade a "Lição Cem", nenhum motivo tem hoje para festejar dada a gravidade da nova "Lição Sem"!

2 comentários:

  1. É verdade...grandes festas se faziam quando se chegava à mítica marca das 100 aulas!!!
    Quanto à geração SEM oportunidades, concordo em geral, embora, em bom rigor, deva confessar que muitas das desgraças que agora se abatem sobre os jovens aconteceram porque estes foram induzidos em erro, quando o poderiam ter evitado.
    Penso em 2 casos: estabilidade e emprego.
    Quanto à estabilidade, a mentalidade portuguesa foi sempre a de que mal tenhamos carta de condução temos que comprar 1 carro, e quanto à habitação antes comprar que arrendar. Como consequência, as pessoas aventuraram-se nessas tarefas e endividaram-se para tal, em muitos casos sem terem condições para tal. Os bancos ajudaram é verdade. Mas para quê uma pessoa endividar-se com um T1, que era aquilo a que podia chegar, quando anos mais tarde a lógica da família o obrigaria a ter que se mudar para um T2 ou T3? E quando esse momento chegou, qual foi de novo a lógica: comprar e não arrendar.
    O mesmo se diz do carro. Somos provavelmente o povo em que todas as pessoas têm um carro. Transportes alternativos, inclusivé o andar à pata, nunca figuraram nas opções dos portugueses, que sempre preferiram o cómodo ao incómodo..
    Quanto ao emprego, somos a geração em que importava crescer grandemente o número de licenciados. Criaram-se cursos sem qualquer viabilidade de emprego e os jovens foram empurrados para eles apenas para ostentarem o título de Dr. ou Eng.
    Deu-se cabo do ensino profissional, onde muitos teriam aí vocação e certamente emprego mal o acabassem.
    Em conclusão, diria que a mentalidade portuguesa e a lógica do ensino, conduziu a que os jovens fizessem as opções erradas, sem que por um instante sequer se tenham detido sobre a oportunidade dessas opções e se seriam realmente as melhores para as suas vidas num cenário a médio-longo prazo.
    Se esta crise trouxer algum mérito, espero então que seja o de repensar mentalidades, e que os portugueses deixem certas manias, como a de comprar carro assim que tira a carta, tirar um curso seja ele qual for para também ser Dr. ou Eng, e comprar casa, pq arrendar é foleiro.

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  2. Plenamente de acordo Francisco!

    Instalou-se uma mentalidade de "renda por renda, pago ao banco e no fim a casa é minha"!

    A malta esqueceu-se é que hoje pode haver dinheiro e necessidade de um T1 e daqui a uns anos de um T3, mas de um dia para o outro a necessidade ou o dinheiro podem mudar... e para quem fez loucamente créditos a 30 e mais anos... os pequenos contratempos da vida podem ter muito impacto! Arrendar casa começou a parecer casa de pobre!

    Comprar carro é outra grande verdade! E eu que apesar dos carros de casa tive a primeira "latinha" uns anos depois de ter a carta (que saudades daquela Renault Express vendida por 150 euros e que ainda por aí anda a circular cheia de vida:) ), a verdade é que não é essa a regra! Toda a gente faz por ter quanto antes algo que diga na traseira GTi ou TDi! Haja créditos!!

    O que dizes dos cursos é tão verdade que há até os mais gritantes que o são sem terem ido sequer à escola :)

    O ensino profissional, lamentavelmente, foi completamente destruído! Estigmatizou-se! Fez-se do ensino profissional um projecto de reinserção social em não de qualificação e profissionalização!

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