sexta-feira, 1 de julho de 2016

Tempo de mudanças

(fonte da imagem http://www.globalresearch.ca/wp-content/uploads/2016/06/BREXIT-1.jpg)


A propósito do resultado sobre a manutenção ou saída do UK da UE.

Contas feitas, discuta-se agora ou confirme-se que a democracia é "mal menor", mas ainda assim, frequentemente um mal, no que respeita ao exercício do direito de voto.

Quando assistimos a manifestos de arrependido, de votantes que dizem ter votado pela saída mas apenas como protesto, ou porque achavam que o "sair" nunca iria ganhar... temos que assumir que o facto de nos supostos Estados democráticos podermos votar não quer dizer que sejamos verdadeiramente democratas.

A democracia, tal como a conhecemos, é frequentemente a ditadura da ignorância. Porque uma maioria desinformada vai sempre conseguir subjugar uma minoria informada e esclarecida.

Exercemos o voto mais por clubite do que por programas e projectos! Verdade seja dita que tendo em conta a convicção instalada de que "os programas não são para cumprir" porque o povo já se habituou a que os políticos mintam em campanha também não ajuda a votar em programas e não por partidarismo cego.

Assim sendo, chegamos ao "fim de uma linha qualquer" na relação com o UK.
E chegamos a um Brexit que vem em larga medida desenterrar os fantasmas de outros tempos - há um discurso anti-europa que nada tem de económico mas sim de xenófobo.

Verdade seja dita esta Europa hipocritamente unidade já andava a pôr-se a jeito há muito.
Basta dar uma olhada em jurisprudência das instâncias comunitárias para facilmente perceber o nível de "solidariedade" destes Estados irmãos. É cada um para seu lado, a ver onde pode apoiar mais os seus sectores que modo a aniquiliar a concorrência do vizinho do lado. 
Não faltam casos de apoios estaduais ilegais e isso tem sempre um único propósito: ultrapassar o parceiro do lado, se possível com subsídios comparticipados pelo pobre do vizinho.
Depois há os "irmãos abastados", aqueles que emprestam dinheiro ao irmão pobre para que este construa uma casinha, com a condição de que o irmão pobre compre todo o material na loja de materiais de construção do irmão abastado, acabando por dinamizar-lhe o negócio e ficar a dever-lhe o dinheiro na mesma.
Por fim há os "irmãos pobres" que acreditam no Pai Natal e que esperam subjugadamente que o irmão rico se doa do coração e lhes perdoe parte do que lhe emprestou.

Neste cenário difícil se torna acreditar num futuro brilhante para esta união.
O medo do federalismo e o patriotismo de cada Estado impedem o reforço da união. 
Um mercado de trabalho com custos de mão de obra disparatadamente desproporcionais, uma união monetária que não uniformifou custos e níveis de vida e o medo dos que vêem de fora, associado à mentalidade de novas gerações que nunca viram como isto era antes dos fundos comunitários nos darem uma roupinha nova não antecipam grande futuro.

A saída do UK foi apenas a primeira.
Verdade seja dita que "os cacos" serão seguramente menos que para qualquer outro pois estavam fora da moeda única.

Para nós portugueses contudo, enquanto o barquinho navegar... creio que é melhor deixarmo-nos andar.